As Nossas Matas

Esta rubrica do nosso espaço digital destina-se a todos os amigos e subscritores da Aliança pela Floresta Autóctone, e, de modo especial:

1 - a pequenos e médios proprietários de matas de espécies de crescimento rápido que estão em vias de, ou desejam, reconverter-se a espécies autóctones e procuram viabilizar essa reconversão, quer do ponto de vista dos procedimentos, quer do ponto de vista económico

2 - a pequenos e médios proprietários já avançados nessa reconversão e que desejam partilhar as suas experiências com outros proprietários em processo de reconversão

3 - a pessoas não proprietárias de matas mas que desejam vir a sê-lo, optando para isso pela via da árvore autóctone, e desejam iniciar-se nos problemas implicados.


Sumário

1 - Como surgiu esta ideia

2 - As charlas já realizadas - Reconstituição resumida da mais recente


1 - Como surgiu esta ideia

Um pequeno grupo de proprietários (ou que aspiram a sê-lo) de matas nativas ou em conversão para nativas respondeu afirmativamente a um convite para trocarem experiências e intenções, reflexões e perplexidades sobre a sua situação e dificuldades que enfrentam. Nada se promete com esta iniciativa a não ser isso mesmo: passar de algum isolamento de cada qual, na sua tentativa de enfrentar condições adversas, para um pôr em comum que entronque na partilha e na comunicação, fonte de alguma esperança.

Não prometemos receitas miraculosas mas tão só alguma solidariedade e espírito de mutualidade e cooperação. O que não impede que possamos conversar sobre programas oficiais ou privados de apoio mais concreto, com o objetivo de ver mais claro onde nem sempre é fácil ver.

A ideia é estarmos abertos a novas adesões a este modesto fórum, que cheguem por via dos já presentes, e que se tem exprimido por meios virtuais (zoom). Novos convidados foram entretanto propostos sem deixarmos ainda de ser um grupo pequeno. Não convém também que se torne tão grande que a expressão e comunicação de todos venha a ser impossível, mas há ainda margem para algum crescimento. Através desta rubrica no e-sítio da Aliança, poderemos chegar a todos os amigos e subscritores, que queiram ler o que vamos escrevendo aqui, em As Nossas Matas.


2 - As charlas já realizadas

A primeira conversa: 29 de junho de 2021

Uma súmula e atualização

A troca de experiências e ideias entre os presentes pareceu ter correspondido ao desejado por todos. Pelo menos, todos ficaram interessados numa segunda conversa para assentar ideias, então prevista e depois realizada em meados de setembro de 2021. Cada um dos destinatários desta súmula poderá convidar alguém com um perfil semelhante ao que foi definido para esta conversa, e que possa estar interessado. Se nos enviarem os emails respetivos, enviaremos para eles também o convite.

A ideia de um debate alargado, público, foi para já considerada prematura. De preferência, considerou-se ser mais útil ir alargando a ideia a outros proprietários, pouco a pouco, procurando gradualmente constituir uma rede de contactos que possa vira ser um respaldo mútuo quanto às dificuldades que cada um vai encontrando, e procurando respostas comuns a elas.

Sugeriu-se criar na página da Aliança https://florestautoctone.webnode.pt uma rubrica em que fosse possível colocar perguntas e respostas ou observações sobre dificuldades sentidas. É nesse sentido que agora se colocam estas informações, em jeito de abertura. Não esquecer que a Aliança é um movimento informal de voluntários e não tem ajudas, nem materiais nem em recursos humanos, para além das dos seus próprios apoiantes.

Uma das pessoas presentes considerou importante estarmos atentos às ZIF-Zonas de Intervenção Florestal, e suas possíveis intervenções. Sugeriu igualmente que procurássemos na net o programa «Quanto vale uma floresta?» por considerá-lo de grande utilidade.

Foi também evocada a obra do Silvicultor Cecílio Gomes da Silva. Daí surgiu a ideia de criar uma secção do nosso e-sítio sobre Pensar a Floresta Portuguea - Agir e Intervir.Veremos o que será possível fazer nessa direção.

E é tudo por agora.

Junho de 2021


A conversa de 22 de setembro de 2021

Nesta rubrica do espaço digital da Aliança pela Floresta Autóctone, damos a palavra a pequenos e médios proprietários florestais em Portugal que desejam manter ou reconverter as suas matas de forma a torná-las um elemento de revitalização da árvore e da mata autóctone no país.

Por uma questão de privacidade, os nomes dos participantes são representados apenas por iniciais do seu nome.

Qualquer pessoa que leia esta rubrica pode enviar sugestões, perguntas ou contributos (inclusive em forma de respostas a perguntas ou problemas formulados por outros anteriormente. Para enviar perguntas e contributos para resposta não é preciso fazer parte do grupo que realiza conversas virtuais (zoom). Basta enviar os contributos para: florestautoctone@gmail.com

Para os interessados em integrar o grupo e participar nas conversas: contactar através desse mesmo email.

Segue-se uma reconstituição resumida da mais recente das conversas já realizadas (22 de setembro de 2021)

EB

Tem dois terrenos arborizados, um deles com 2,5ha, nas margens de um rio do Norte do país. Procura aí reforçar a presença de espécies autóctones. Está preocupado com a planta tintureira (nome vulgar da Phytolacca americana L., espécie invasora em Portugal listada no Decreto-Lei n.º 92/2019, de 10 de julho, sobre combate às invasoras), também vulgarmente conhecida como fitolaca, vinagreira, uva-dos-passarinhos, baga-moira.

AC

Em relação à tintureira (não confundir com as plantas cultivadas para a coloração de tecidos, globalmente chamadas «tintureiras»), Adriano sugeriu destruir as bagas antes destas estarem maduras, podendo ser por varejamento com um pau, batendo nas bagas.

LB

Tem um terreno de cerca de 10ha junto à foz de um rio afluente do Douro. Realizou plantações em 2016. Quase tudo ardeu depois, mas rebentou novamente. Conseguiu preservar um carvalhal já denso, com 15 anos. Trabalha na erradicação do eucalipto e da austrália, anteriormente dominantes. Através de corte, descasque e, no início, com pincelagem de herbicida no tronco cortado das acácias.

Ainda tem dificuldade com a erva-das-pampas e pensa que as motas e jipes que transitam nos terrenos ajudam à proliferação desta invasora.

AL

Sugere que a passagem dos veículos provoca correntes de ar, sendo isso que ajuda à disseminação das sementes.

EB

Solucionou o problema da erva-das-pampas num dos seus terrenos com três cortes: é que cada corte enfraquece a planta e esta acaba por morrer.

MR

Referiu o caso de uma área protegida num dos concelhos no norte da Área Metropolitana do Porto. Considerou que a cumplicidade entre autarcas municipais e proprietários de terrenos desfavorece as autóctones na área, sendo que resulta na construção em prejuízo da arborização. Sugeriu uma união entre associações para trabalhar este problema e elucidar/incentivar proprietários para a questão ecológica.

AC

Em relação a áreas protegidas, sugere a renaturalização do espaço.

MCS

Tem matas num município da zona centro. Aderiu à ZIF- Zona de intervenção Florestal da sua zona, procurando ajuda para contrariar a monocultura do eucalipto, mas não houve reconversão. Informou que no âmbito da ZIF não se pode criticar o eucaliptal estreme, e que a ZIF pretende potenciar a plantação de folhosas mas dizendo que o eucalipto é uma folhosa, e assim justificando a sua passividade perante a eucaliptação intensa. Disse que os representantes das celuloses nas reuniões das ZIF em que esteve presente mostraram mapas que previam «invadir o Minho», onde o eucalipto poderia dar cortes de cinco em cinco anos.

JM

Referiu que originariamente, nas ZIF, a intenção era a de potenciar outras folhosas nativas em detrimento do eucalipto, mas que alguém soube aproveitar o mal-entendido e jogar com o termo «folhosa» para continuar a política da monocultura do eucalipto. Considerou que o Minho já está invadido pelo eucalipto, escapando apenas pequenas parcelas ou terrenos agrícolas, pois até no Parque Nacional da Peneda-Gerês se encontram plantações de eucalipto. Disse ainda que as plantações de monoculturas como o eucalipto deveriam ser proibidas nos locais ecologicamente classificados, como os Parques e Reservas Naturais, libertando de monoculturas, dessa forma, cerca de 20 por cento do território nacional.

RB

Comprou um terreno de 6ha na região da Serra da Estrela, que ladeia um rio. Quer reflorestar com autóctones e preservar um pequeno pinhal, mas tem problemas com silvas e giestas. Gostaria de saber como converter.

EB

Sugeriu que Luísa consultasse a câmara local, inquirindo se existem planos de florestação e quais as espécies apropriadas para o local. Visitar também viveiros (por exemplo, os da Serra da Malcata), que têm árvores adaptadas à região. Mostrou ainda o livro A Árvore em Portugal, de Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Telles, como um bom livro de consulta para plantar espécies adaptadas a cada local.

AL

Pretende comprar um terreno para plantar uma mata de autóctones. Acha que seria útil um kit de principiante para quem vai iniciar a atividade, com informação de como e quando limpar, que espécies apropriadas, leis, fundos a que possa recorrer, etc.

AC

Tem 11 ha distribuídos por cinco parcelas no centro do país, provenientes de uma herança, com numerosas parcelas mas muito pequenas, que tentou diminuir através de emparcelamento. Conseguiu dois emparcelamentos, através de trocas e compras. Recebeu também terrenos abandonados. Em 2017 a desgraça bateu-lhe à porta com os incêndios que afetaram todas as suas parcelas. Felizmente o arvoredo recuperou e encontra-se atualmente todo verde. Falou no planeamento dos terrenos, que devem ser plantados com espécies apropriadas ao local. Por exemplo, encostas viradas a Norte e a Sul devem ter espécies diferentes e é preciso saber lidar com essa situação. Recomendou que se plante o mais possível antes de 31 de dezembro, e que se deve privilegiar o trabalho da Natureza com a mínima intervenção. A Natureza é sábia e é preciso aproveitar isso. Uma das coisas que recomenda é lançar bolotas para a terra, o que, para além de semear, pode alimentar animais selvagens.

Falou da necessidade das associações e movimentos pro-floresta nativa se unirem e manifestarem junto do Estado, reivindicando pequenos apoios que permitissem pagar a dois ou três bons técnicos para percorrerem o país em aconselhamento a quem necessita. Crê que, devido às alterações climáticas, vai haver dinheiro para reconversão da floresta e que as associações em conjunto podem pressionar o Estado a reencaminhar essas verbas para produtores privados. Calcula que já existam milhares de hectares que podem ser trabalhados para esse fim, porque pertencem a proprietários que querem mudar de paradigma, mas não têm condições para o fazer.

MCS

Pede que sejam fornecidos e trocados endereços de email entre os presentes, para ser possível continuar esta conversa.

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