Aliança pela Floresta Autóctone
O que pretendemos
De onde vimos / Para onde vamos
2016
Estávamos no rescaldo dos grandes incêndios do verão de 2016.
Muitas pessoas manifestavam inconformismo, exigia-se o fim dos incêndios sistemáticos.
É então que, em parceria com a Quinta do Lobo Branco, em Penafiel, a Campo Aberto - associação de defesa do ambiente, convoca um debate a que acorreram cerca de quarenta pessoas. Como oradores, foram convidados três amigos da Campo Aberto, que sabíamos partilhar esse inconformismo: Jerónimo Gama, Jorge Moreira e Miguel Dantas da Gama. O debate foi moderado por José Carlos Costa Marques. Realizou-se em 22 de outubro de 2016.
Aí foi lançada a ideia de uma aliança de inconformistas perante o estado da floresta em Portugal, para a qual, inicialmente foi proposto o nome APAGAR - Aliança Para Acabar com as vaGAs Recorrentes de Fogos.
2017
Na sequência desse debate, e ao longo do ano de 2017, os três oradores e o moderador do debate em Penafiel decidiram preparar uma intervenção cívica sobre o estado da «floresta» em Portugal. Chegaram assim a elaborar o texto de um Apelo para uma Aliança pela Floresta Autóctone, nome que iria substituir o nome inicialmente proposto.
Em 2017, ocorreu a grande dupla calamidade (primavera e outono), com a perda de uma centena de vidas humanas e milhares de vidas selvagens.
No intervalo, em setembro de 2017, foi tornado público o Apelo entretanto redigido, ligação no qual se identificavam as principais causas dos problemas ditos florestais. Apontavam-se também sucintamente os objetivos: a recuperação do coberto vegetal com espécies autóctones, aliada a uma gestão cuidada no terreno, através de um movimento de opinião que sensibilize a sociedade civil, os autarcas e os governantes a mudar o paradigma da monocultura do eucalipto e do pinheiro-bravo e a promover uma floresta ecológica, bela em diversidade, recursos e benefícios.
2018
De final de setembro à primavera de 2018, o Apelo alcançou rapidamente mais de mil subscritores, a maior parte individuais, mas também uns quantos coletivos, associações, movimentos formais e informais, e empresas, incentivando a sociedade e os responsáveis políticos à mudança urgente de modelo florestal.
Três coletivos, dois formais e um informal (Campo Aberto, FAPAS - Fundo de Proteção dos Animais Selvagens e Alvorecer Florestal) aceitaram dar apoio logístico à novel Aliança, dado o caráter informal desta. Constituiu-se um grupo coordenador, formado por três representantes, um por cada coletivo, com a missão de aumentar o número de subscritores do Apelo, manter o contacto com eles, e incentivar o surgimento, a nível de cada concelho do país, de grupos de pessoas e/ou plataformas de coletivos apostados em fazer progredir localmente, de modo autónomo, o interesse pela preservação e reconstituição da floresta com base em espécies autóctones.
Para fazer progredir a audiência da Aliança e o interesse pela realização dos seus objetivos, lançou-se o Ciclo pela Floresta Autóctone - um ciclo de debates a realizar um pouco por todo o país. Em abril, o ciclo foi aberto, no Porto, com um debate que teve como orador o biólogo Jorge Paiva, decano dos ecólogos e ecologistas portugueses: cerca de cem pessoas extremamente motivadas acorreram a ouvi-lo e a debater com ele.
Em maio, foi a vez de Helena Freitas, professora e investigadora da Universidade de Coimbra, que, em Aveiro, suscitou a presença de meia centena de pessoas.
Em setembro, o orador foi João Carvalho, silvicultor e dendrologista, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, que, em Vouzela, perante 20 a 30 pessoas, apresentou a ideia da possibilidade de obter, com o carvalhal, não só os benefícios que se esperam da floresta autóctone, mas também um rendimento viável e compensador quando comparado ao das espécies de crescimento rápido, ou até mais compensador.
2019
Devido a dificuldades de vária ordem, neste ano apenas foi possível organizar um debate do ciclo. Teve porém uma particularidade: realizado em Caminha com o apoio da associação Corema e da Câmara Municipal, foi um evento luso-galaico, com dois oradores, o Professor João Carvalho (como em Vouzela, em 2018) e Cosme Cousido, biólogo integrante da Cousa de Raíces - Rede Galega de Defesa dos Bosques e Montes, portadores de uma mensagem convergente sobre a realidade que afeta de modo semelhante e negativo o coberto vegetal de Portugal e da Galiza. Estiveram presentes à roda de 50-60 pessoas.
Entretanto, embora a ritmo mais lento que o inicial, continuaram a receber-se subscrições do Apelo, aproximando-se gradualmente das 1300. Iniciava-se também uma sistematização e localização dos vários subscritores pelo território com vista à elaboração de mapas, os quais facilitariam o intercâmbio e a colaboração convergente dos subscritores de um dado concelho ou agrupamento de concelhos.
2020
A Aliança tem agora cerca de 1300 subscritores. Prosseguiu-se o trabalho de elaboração dos mapas já referidos, que podem já ser consultados na nossa página digital.
Tentou-se prosseguir a organização de debates do Ciclo, mas a irrupção, em fevereiro-março de 2020, da pandemia obrigou a uma travagem inevitável. De momento, estudamos as possibilidades de o relançar, e o quando e o como, e de outras formas de ampliar a informação e a discussão sobre os objetivos da Aliança.
Em final de maio de 2020, por motivos pessoais, exteriores à Aliança, um dos integrantes do grupo coordenador deixou de estar disponível, e retirou-se. Os dois elementos restantes, Jorge Moreira e José Carlos Costa Marques, após análise da situação em reunião realizada em 15 de junho, optaram por passar a um modelo diferente de coordenação, já não com base em representantes de associações mas em membros a título individual, de 3 a 5, em princípio.
No momento em que escrevemos, o grupo coordenador conta com três membros. Além dos dois que se mantiveram, contamos agora também com Marta Mota. Com pessoas de vez em quando disponíveis para além dessas, vamos tentando afinar os instrumentos necessários para que a Aliança possa prosseguir os seus contactos.
Criámos recentemente uma rubrica no nosso espaço digital que tem em vista pôr em contacto os subscritores da Aliança que habitam ou trabalham em municípios vizinhos por forma a que possam reunir esforços e, de forma autónoma, cooperarem para que, a nível local, seja recolhida informação sobre o estado do coberto vegetal e possam intervir em conjunto para que o ideário da proridade das espécies autóctones e da criação de bosques autóctones possa ir gradualmente alastrando pelo país inteiro. Veja essa rubrica: https://florestautoctone.webnode.pt/mapas/
A grande dificuldade para isso está na nova legislação de proteção de dados pessoais que exige que nos seja dada autorização pelos subscritores da Aliança para facultar esses dados a outros subscritores ou outros interessados que habitem no mesmo município ou em município próximo. Assim, apelamos a que quem estiver de acordo nos envie essa autorização para o email: florestautoctone@gmail.com
Com o arrastar da situação pandémica, tentamos uma primeira experiência de enraizamento a partir de uma sessão virtual de apresentação e debate, em 28 de outubro de 2020. Dos resultados iremos dando informação.
19 de outubro de 2020